sábado, 3 de outubro de 2009

[Literatura] Análise a «O Sétimo Selo» de J.R.S.















--> José António Afonso Rodrigues dos Santos é jornalista, escritor e professor de Ciências da Comunicação, nasceu em Moçambique, em 1964 e é agora Director de Informação da RTP e apresentador do Telejornal.


Pequeno Resumo:
--> O Sétimo Selo é quinto romance de José Rodrigues dos Santos, lançado em 2007 e mais uma vez temos Tomás de Noronha (à semelhança de outros romances do autor), o professor de História da Universidade de Lisboa, envolvido num enigma que é preciso ser descoberto. Dois cientistas são mortos e junto aos cadáveres é deixado um bilhete misterioso contendo uma cifra com três dígitos 666. Tomás de Noronha é convidado pela Interpol para decifrar este enigma já que é especialista em criptologia (ciência que estuda as mensagens enviadas em cifras). Nesta missão, Tomás descobre que um colega de liceu está envolvido no crime dos cientistas, no entanto ninguém sabe onde ele está. Incrédulo, Tomás deixa uma mensagem no computador, no sítio dos velhos alunos do liceu onde ele andou e passadas algumas semanas, recebe um mail de Filipe, o amigo, marcando um encontro com a condição de ele não dizer a ninguém que se iria encontrar com ele. Tomás contacta a Interpol e pede dinheiro para ir ter com Filipe, mas não lhes revela onde é que ele está. O historiador viaja até à Rússia, onde conhece uma bela russa com quem vive um tórrido romance e é ela que o conduz até ao Filipe.
--> Depois de terem viajado durante 3 dias no Transsiberiano, chegam à Sibéria e Tomás toma conhecimento que o seu amigo não matou os cientistas. Quem os matou foi gente ligada ao petróleo por causa de uma grande descoberta que eles tinham feito e como essa descoberta iria prejudicar o negócio do petróleo, eles foram mortos. Filipe e outro cientista inglês também estavam envolvidos na pesquisa e quando viram que os colegas foram mortos, decidiram desaparecer do planeta e nada melhor do que a Sibéria. No entanto, continuam com as investigações e descobrem coisas muito importantes.
--> Enquanto Tomás se encontra na Sibéria, ele, o amigo e a namorada russa são atacados por assassinos contratados pelos homens do petróleo. Tomás consegue fugir mas os assassinos mataram a russa. Abalado com toda esta situação, Tomás consegue voltar a Portugal e conta o sucedido à Interpol, sem nunca revelar o local. Mais tarde é contactado por Filipe e marcam o local de encontro na Austrália onde Filipe mostra todas as pesquisas que fez até à data. Filipe levou Tomás até à casa de refúgio do outro cientista para lhe mostrar o resultado das suas pesquisas.
--> Foi na casa do cientista inglês que foram surpreendidos pelos assassinos, mas Filipe já previra toda esta situação e como tal, montou um grande plano com a polícia austríaca e capturaram os assassinos. Os cientistas tinham descoberto um plano energético não poluente com base no hidrogénio e na água.


A análise e a minha opinião:
--> Este romance de José Rodrigues trata temas actuais e que preocupam o mundo. Os temas abordados são aquecimento global e o petróleo, mais propriamente esgotamento das reservas petrolíferas. Os problemas da terceira idade também são um tema abordado neste livro mas como uma história secundária através da personagem Dona Graça que era a mãe de Tomás e sofria de Alzheimer e que se agravava rapidamente. É de salientar que as provas do agravamento do aquecimento global e a fragilidade da indústria petrolífera estão muito bem explicadas.
--> À semelhança de «A Fórmula de Deus» e de uma investigação profunda, surgem paralelamente as explicações científicas colhidas a partir de especialistas da área, recheando assim o conteúdo com uma informação que levará o leitor a adquirir muito conhecimento. O que é muito inquietante, se na realidade o livro se baseia em factos, é a situação em que o Mundo se poderá vir a encontrar dentro de alguns anos no plano energético, daí o próprio autor durante a obra usar muitas vezes a palavra “apocalipse”.
No meio de todo o enredo, José Rodrigues dos Santos consegue incorporar partes mais eróticas, à semelhança de alguns dos seus outros romances que também têm como personagem principal Tomás Noronha.
--> Na minha opinião não se justificam as 500 páginas pois tenho de admitir que o livro ficou aquém das minhas expectativas. Eu acho que José Rodrigues dos Santos repete bastante os factos apresentados nos diversos assuntos tratados o que torna a leitura maçuda e aborrecida e também pela própria história, mas por outro lado, esses factos dão uma visão geral do estado actual do nosso planeta, quer a nível de recursos energéticos, quer a nível do tema que na minha opinião é o mais ameaçador para todos os seres vivos que habitam este único planeta: o aquecimento global.
--> Em oposição ao meu escritor favorito, Dan Brown, que todas as suas obras na minha opinião têm uma excelente história e enorme suspense mas não transmitem tanta cultura como o sétimo selo em que chega a falar dezenas de páginas sobre um determinado assunto, que aliás é importante para população mundial dos dias de hoje. De facto, a história constitui a pior parte deste romance.
--> Mesmo sendo um livro que na minha opinião contém pouco suspense, aconselho-o a todas as pessoas pois desta maneira ficarão informadas sobre as catástrofes que abalarão a Terra derivadas nomeadamente do aquecimento global e do esgotamento das reservas petrolíferas e que ainda acontecerão no nosso tempo de vida.
--> Com este livro fiquei a saber que a questão do aquecimento global é mesmo grave e que as consequências deste aquecimento não serão para daqui a uns cem anos. Brevemente teremos repercussões desse aquecimento. Imaginem só que na Antárctida, num bloco de gelo de 4 Km de espessura (leram bem? Quatro kilómetros de espessura!) já há fendas por causa do degelo, o que significa que o mar aumentará de volume, o que levará ao desaparecimento de algumas ilhas e a que a costa de alguns países seja engolida pelo mar! Imaginem só!
--> Este livro prova que vivemos num mundo de interesses em que os mais poderosos não ligam aos meios para aniquilarem todos os que atravessam os seus caminhos e que assim põem em causa as suas ideias e objectivos. Apesar de ficar aquém das minhas expectativas, acho que dava um bom argumento para um filme.

--> O futuro do abastecimento energético constitui talvez o maior e mais importante desafio da humanidade para a próxima década. É na escolha do tipo de energia que nos irá alimentar que assenta a sobrevivência do planeta enquanto sistema biológico e a sustentabilidade da economia na qual o nosso modo de vida assenta, e o grande problema é justamente conciliar estes dois aspectos até aqui incompatíveis.
--> Muitos peritos encaram o hidrogénio como a nossa melhor hipótese, pelos motivos amplamente explicados neste romance, e o curioso é que o desafio nem sequer é novo. As potencialidades do hidrogénio já foram descobertas há décadas e desde então esta fonte energética tem sido encarada como a grande esperança para o futuro. Alguns importantes problemas têm ainda de ser resolvidos, incluindo os relacionados com o custo das baterias de hidrogénio e a delicada questão do armazenamento deste combustível, obstáculos que só podem ser ultrapassados com investimento na investigação. O hidrogénio já foi demonstrado como uma solução potencial para os desafios que agora enfrentamos. A viabilidade desta hipótese foi, de resto, contundentemente demonstrada pelo programa espacial americano. As missões de Apolo à Lua, por exemplo, recorreram a hidrogénio líquido para abastecer as naves espaciais de energia eléctrica, demonstrando assim a exequibilidade desta solução.
--> Mas o hidrogénio, apesar de todas as suas potencialidades, é apenas um de vários futuros possíveis. Existem outras alternativas, como o metanol, um biocombustível criado a partir de matéria orgânica, e o etanol, um outro biocumbustível criado a partir do milho ou da cana-de-açúcar. Há também a perspectiva de extrair da força forte de átomos, através da fusão nuclear controlada, mas essa hipótese parece distante, uma vez que ainda não dispomos da tecnologia necessária para usar essa poderosa e inesgotável fonte energética – há quem calcule que serão precisos cem anos até chegarmos lá. No entanto, o gás natural poderá constituir-se como uma energia de transição. Embora também contribua para aquecimento global, o gás natural liberta menos carbono e é mais poderoso que o petróleo. Pode ser liquidificado e gerar gasolina ou até ser usado para produzir hidrogénio em estado puro.


Conclusão:
--> Esta obra literária de José Rodrigues dos Santos apresenta uma característica comum a todos os seus livros: desde os ensaios “Crónicas de Guerra”, passando pelos romances, como “A Filha do Capitão”, “O Codex 632″ ou “A Fórmula de Deus”. A componente “didáctico-pedagógica” não deixa nunca de estar presente. Com todas estas obras, sempre aprendemos algo.
--> Por outro lado, mais do que em qualquer um dos seus anteriores romances, ressalta em “O Sétimo Selo” uma sensação baralho nas ideias, pois ficamos sem perceber exactamente qual o fundamento do recrutamento de Tomás na tão frágil missão que se dá em torno do “número da besta” - o mítico 666 - envolvido em novas aventuras, vivendo uma espécie de romance - aqui, sempre “colado” a uma incrível co-protagonista.

Um comentário:

  1. Estou lendo este livro e estou a achar um livro muito interessante.
    É muito emocionante e aconselho a lerem. :)

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